sábado, 26 de junho de 2010

O MERCADO, o templo nº 1




O Mercado Central, inaugurado em 1929, no centro de Belo Horizonte é um dos templos maiores do que visa esse blog, de compartilhar as experiências, sabores e tradições dos botecos e bares da cidade, que lhe dão fama e significado histórico e cultural.


Desde meados da década de 1990, o "Mercado" e a área em torno do mesmo, vem sendo resgatado como espaço de lazer, sociabilidade e encontros. Além de contar com uma ampla rede de lojas a varejo, que vendem de tudo: carnes, temperos, flores, decoração, hortifrutigranjeiros, produtos de beleza, bebidas, salões de beleza, vasilhames, doces, queijos; não para esquecer que o mercado é marcado por concentrar dezenas de bares e botecos, que lhe completam a beleza e os sentidos de ser um dos espaços mais apreciáveis para os entendores, frequentadores e "pesquisadores" da arte de butecar na cidade.


O Mercado é uma mescla de sabores, cores e cheiros. Além dos diversos tipos humanos que transitam pela sua enorme área. Está localizado no quarteirão entre as ruas Santa Catarina, Goitacazes, Curitiba e Avenidas Augusto de Lima e Amazonas. Em cada umas das quatro saídas principais existem um bar de cada um dos lados. Um deles, o bar da Lôra, na saída da Rua Santa Catarina, ganhou com o último festival "Comida di buteco" (2010), com o prato "Garra da Lôra" (epa!). Também na área de alimentação se concentra o restante dos bares e botecos do lugar.


O encanto do e pelo mercado não se dá sem razão. Além de estar estrategicamente localizado na área central de BH, os seus bares que abrem a partir às 08:00 da manhã, são atrativos tanto para esticar a noite, quanto para começar o dia - no que diz respeito à arte de butecar, é claro - principalmente nos finais de semana. Entre uma compra e outra, ou ao fim delas, tomar uma cerveja no balcão, em meio a muito conversa jogada fora, de encontros e novas amizades, e experimentando o tradicional "figado com jiló na chapa", entre um copo e outro, é uma das mais tradicionais e deliciosas formas de se "butecar" em Belo Horizonte. De bares mais sofisticados as mais populares e genuínos butecos, os vários públicos compartilham esse espaço democrático e plural.
Quem não experimentou, não escapará de se tornar um frequentador assíduo do lugar...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Belo Horizonte: maior número de bares/habitante







Belo Horizonte

112 anos

2.250.000 habitantes

12.000 bares, butecos e afins...


Se a fama e a fala popular dizem e referendam que Belo Horizonte é a cidade dos bares, as estatísticas dão veracidade a essa fama e a confirmam. Entre as capitais brasileiras, Belo Horizonte realmente aparece no topo na lista da relação bares/habitantes.

A média é de aproximadamente é de 1 bar para cada conjunto de 187 moradores.

É uma boa medida da tradição da capital mineira e seus bares...

terça-feira, 22 de junho de 2010

História de BH e seus butecos




Belo Horizonte foi inaugurada em 1897 para ser a nova capital de Minas Gerais, representando um ideal do novo regime republicano, instalado anos antes no país. Um ideal que propunha o uso da ciência e do discurso técnico para empreender a modernização do país extirpando os ranzos da monarquia, do lusitanismo e da escravidão.

A noção de ordem, de higiene, de hierarquia que compôem a planta original da cidade explica o ideal republicano e positivista, que levou à mudança da capital de Ouro Preto para o antigo Curral Del Rey. Os espaços para a localização de cada uma das funções da nova cidade também explicam esse ideal: a área para o lazer (Parque Municipal), para o comércio, para as repartições públicas, o bairro para residir os funcionários públicos, o espaço do Poder Executivo (Palácio da Liberdade)no ponto mais alto da cidade.
Contudo a falta de espaços para a população mais pobre, que vieram fazer a nova capital, também explica um viés excludente dos novos donos do poder, com as velhas práticas de garantir os seus privilégios sem estender melhorias reais para o grosso da sociedade.

Se nesse ideal de uma cidade novinha em folha, o projeto que lhe deu forma e origem tinha como inspiração as reformas urbanas de Paris e Viena, o ícone que demonstraria o grau de civilização de Belo Horizonte seria os cafés chics e elegantes, além dos cinemas.


Contudo na cidade realmente vivida, foram os bares e botecos que deram fama e tradição à Belo Horizonte. Entre as mais diversas classes sociais, e entre os mais diferentes públicos, a identidade boêmia dos belorizontinos foi se construindo pela ida aos butecos, seja para os flertes, os happy hours, fosse para os encontros e despedidas ou a assistência aos jogos do Cruzeiro, do Atlético, do América ou da Seleção. Essa fama butequeira está na origem da cidade no final do século XIX e início do XX, mas se mantém e ecoa até hoje.
Belo Horizonte e seus bares são um casamento que contorna a face e os sentidos da cidade realmente vivida em contraste com a cidade imaginada de seus projetistas e de parte das cabeças pensantes de outros tempos.
"Butecar" é um verbo que se entende entre os belorizontinos, e é compartilhado por quem vem e se mete a entender a cidade e se esbaldar com sua história, que encontra na relação com os bares parte de seu espelho.